Cronicas

Leia Mais[/cws_button]“]
11 de junho de 2024

Nas profundezas onde a visão se perde, desvela segredos que o corpo concede, Médico endoscopista, bravo explorador, Dentro do ser, és um Nas profundezas onde a visão se perde, desvela segredos que o corpo concede, médico endoscopista, bravo explorador, dentro do ser, és um astuto aviador. Com teu instrumento, uma lanterna cativa, ilumina os recantos, a sombra motiva, procura com maestria onde a dor se esconde, em canais e cavernas, onde a saúde responde. Num teatro interno, protagonizas a cena. Onde a luz e a lente decifram a evidência plena, cavidade oculta, revelada com cuidado. A precisão é tua guia, ○ conhecimento, legado, desvela mistérios com serenidade e calma, desbrava o invisível para curar a alma. Cada gesto seguro em tua jornada intensa é um passo firme na medicina imensa. Profundezas do estômago, intestinos e mais, revelas o que o olhar comum não é capaz, nas mãos hábeis e no olhar detalhista, A cura surge, em caminho altruísta. Médico endoscopista, desbravador do interno, teu compromisso com a vida é eterna. Que continues tua busca, tão precisa e bela, trazendo luz onde a escuridão se revela.

Postado em crônicas por Arnaldo Motta | Tags: , ,
28 de agosto de 2015

ENDOSCOPIA DIGESTIVA: Do “CIRCOS” ao “CHIP.”

Decorria o ano de 1868, o circo era sinônimo de lazer e cultura.Apresentava-se na Alemanha, como principal atração daquela noite, o famoso “engolidor de espadas”.Atento na platéia, em companhia dos seus filhos, o Dr.Kusmaul teve uma idéia brilhante: após o espectáculo dirigiu-se aos camarins e convidou o artista a repetir aquele feito memorável em seu consultório, deglutindo nessa ocasião um tubo com diminuta lâmpada em sua extremidade. Sem prever o alcance daquele ato para o futuro da humanidade, o cientista entrava para os anais da medicina, realizando ali a primeira endoscopia gástrica”in vivo” da história.
Esse método tem se modernizado consideravelmente, sobretudo no final do milênio, em consequência do avanço tecnológico que inclui a diminuição do calibre dos instrumentos, sobretudo a utilização da fibra óptica e a seguir o “chip”, nos conduzindo a imagem de maior resolução, além da criação de novos acessórios endoscópicos que possibilitam atingirmos quase todo o tubo digestório, realizando verdadeiras cirurgias sem cortes aparentes.
A endoscopia alta nunca foi dolorosa, é raramente incômoda, considerando que alguns a ela se submetem sem sedação por opção própria, embora o uso de medicamentos cada vez mais eficientes, aliados à monitoração, nos permita uma “anestesia” cada vez mais segura.Com o decorrer do tempo, portanto, a endoscopia deixou de ser inicialmente experimental, passou a diagnosticar, evoluindo a preventiva e finalmente terapêutica, através da cirurgia endoscópica, delimitando a gastroenterologia em duas eras distintas: pré e pós-endoscopia.
Alguns exemplos de sua eficácia incluem prevenção (retirada de pólipos),detecção
( biópsias) e retiradas de câncer quando precoce em estômago -segundo em incidência geral, ou coloretais – o quarto mais freqüente.Indivíduos a partir de certa idade, sobretudo se portadores de algumas doenças locais ou que apresentam antecedente familiar, devem se submeter periodicamente à pesquisa de tumores em fase inicial quando a cura atinge a totalidade e descobrir lesões pré-malignas.Mesmo nos casos mais avançados ,em caráter paliativo, a endoscopia também se apresenta como uma alternativa ao médico oncologista, oferecendo uma melhor qualidade de vida ao paciente mediante cauterização e colocação de endopróteses.
Quanto à abordagem das vias biliares e pancreáticas, esse método possibilita avaliação e tratamento da pancreatite crônica e retirada de cálculos. Nas doenças denominadas ácido-pépticas (esofagites, gastrites e úlceras) nos permite o diagnóstico, pesquisar possíveis agentes causais relacionados (hérnia hiatal,H.pylori entre outras), resultados do tratamento aplicado e até a contenção de suas eventuais complicações: hemorrágicas ou de estreitamento do canal que impeçam a digestão dos alimentos.
Temos auxiliado os regimes de emagrecimento dos obesos, acompanhando a cirurgia bariátrica, através da colocação do “balão gástrico” temporário, indicados após avaliação criteriosa.
Pacientes com demência senil, neurológicas ou com seqüela graves impedidos de alimentar-se satisfatoriamente são submetidos à gastrostomia endoscópica, evitando-se portanto a antiga conduta cirúrgica de alto risco, se considerarmos a presença de doenças associadas, tão comuns nesse perfil de clientes.
Vale ressaltar que embora tenhamos abordado tantas moléstias, algumas graves, a maioria dos pacientes que chegam aos nossos consultórios apresenta sintomas apenas funcionais, alguns denominados psicossomáticos, resultantes portanto das tensões emocionais do dia-a-dia:competitividade no trabalho, conflitos nas relações pessoais, ”status” econômico-financeiro, entre outros.Aliás, situações essas que embora consideradas modernas já despertavam o filósofo Platão, lá pelos idos do ano 500 AC que escreveu: “Nós ingerimos nossos conflitos e digerimos nossas emoções”.Recomenda-se entretanto que apenas o seu médico ao ser visitado periodicamente estará apto a concluir tal diagnóstico após rigorosa avaliação e, quando necessário, solicitar os exames complementares objetivos, entre os quais se destaca a endoscopia, sob pena de subestimar sintomas e sinais de alerta oriundos de patologias potencialmente catastróficas, cujo retardo na sua descoberta ou uso de tratamentos alternativos comprometerá definitivamente o seu tratamento e conseqüente piora do prognóstico, com evolução severa e as vezes fatal.
Em resumo, poderia definir a endoscopia digestiva atual como: ”A arte na ciência médica capaz de diagnosticar e tratar doenças que embora suspeitadas permanecem invisíveis aos nosso olhos e não palpáveis pelas mãos mais hábeis”. E o espectáculo continua.

Postado em crônicas por Arnaldo Motta
28 de agosto de 2015

“A ENDOSCOPIA TRANSFORMA:
A HIPÓTESE EM REALIDADE,
A DÚVIDA EM CERTEZA,
A SUPOSIÇÃO EM VERDADE. ”

Para a alegria da cura é indispensável a curiosidade do diagnóstico.
O diagnóstico correto facilita a cura por ser mais precoce no tempo e mais correto no espaço.
Coroação da longa viagem da Ciência para satisfazer a curiosidade do diagnóstico foi levar para dentro do corpo do paciente, no âmago de suas vísceras, tudo aquilo que pudesse através dos órgãos do sentido chegar “à mente de quem julga por que viu”.
Acontece como se num lance de mágica , o observador se integrasse ao interior do órgão e lá dentro olhasse para tudo que o rodeia. Levar o olho, com sua retina, seu nervo óptico, o seu centro nervoso que elabora imagem ao córtex que dá o consentimento, e mais do que isso, o seu julgamento que é apoiado na experiência cultural acumulada. Esta pretensa transposição é permitida pela ENDOSCOPIA.
A endoscopia desfaz as dúvidas e elimina os erros.
Quando a endoscopia transpõe o portal do organismo, o de sua escolha e entra em território das cavidades, é como se tornasse um pássaro esguio que recolhe as asas para se acomodar dentro de um tubo. Só que um tubo vivo e sensível. Começa a investigar tudo que encontra ao redor de si mesmo.
Se escolher o digestivo superior, entra pelo portal da orofaringe, reconhecendo a estrutura, o revestimento do túnel, iluminando e assinalando as possíveis tortuosidades que não as esquinas do seu prévio conhecimento.
Quem olha vê muito mais do que imagina.Esta é a grande diferença entre a semiótica convencional, mesmo que seja através da imagem indireta de quem olha com seu próprio olho, transportado pela fibra até junto do ”dragão da maldade”- o esôfago da azia.
Se vai mais além (como diria Manuel Antônio de Almeida, médico e patrono da Academia Nacional de Médicos Escritores) a saída como uma porta que mais parece abertura de diafragma de câmara fotográfica, que seria chamada pelos seguidores de Vesalius ”a cárdia”- chega ao grande salão dos banquetes, o estômago, onde são representadas importantes decisões da vida quando íntegro, e grandes tragédias gregas quando se torna o palco de soturnos acontecimentos no estado antinatural, a doença- às vezes grave.
O endoscopista analisa tudo e medita, o teto curvo e pequeno, o soalho com declive e aclive, a circunvoluções “cerebrais” em ondas peristálticas de maré enchente, inquietas, as complacentes paredes laterais. Abre-se e atravessa o anel do estômago que estava cerrado. Finalmente assiste como na estalactite das cavernas, o eterno pingar do teto dos doze dedos duodenais por uma “rotulinha”- a bile verde, ou o esgotamento da fonte- a seca impiedosa.
Podemos afirmar que a ENDOSCOPIA é o superlativo de qualidade da indagação semiológica.Falo como médico e como cliente que recebeu um dia laudo conclusivo tranqüilizador: “Gastrite Endoscópica Enantematosa de Grau Leve”. Só isso.

Postado em crônicas por Arnaldo Motta