OBESIDADE: Mitos e Verdades
A obesidade é o principal distúrbio de nutrição da atualidade pois mais de 15% da população mundial é considerada obesa. A obesidade vigora entre doenças citadas pela Organização Mundial de Saúde OMS e já atinge aspectos alarmantes.
Mais do que uma preocupação estética, a obesidade atua perigosamente não só por si mesma, mas principalmente quando associada a diabetes, hipertensão, aumento do colesterol, distúrbios circulatórios e articulares.Este mal é um dos vilões do nosso século, diminuindo a expectativa de vida de milhares de pessoas. Desta forma, ela deveria ser combatida de forma direta e radical sem atalhos por dietas mirabolantes, formulas milagrosas, tratamentos onerosos e da moda. Obesidade já é considerada uma doença que acomete corpo e mente, direta ou indiretamente. Por isso, segue abaixo algumas verdades e mentiras sobre as causas desse mal e seu tratamento.
1) Uma pessoa pode ser gorda e comer e exercitar-se de forma semelhante a uma magra da mesma idade, sexo e altura.
Verdade. Embora geralmente a obesidade decorra de acúmulo de gordura provocado por excesso de calorias alimentares e pouco gasto calórico por sedentarismo, não há dúvida de que existem deficiências metabólicas diferentes entre as pessoas. Estas características parecem ser herdadas, e a Medicina está começando a desvendar o porquê destas diferenças, através do estudo dos genes e da descoberta de substâncias fabricadas pelo organismo que atuam na queima calórica.
2) Toda pessoa com excesso de peso é obesa.
Mito. O pugilista Mike Tyson mede 1,81 m e pesa 99 kg. A sua relação de peso / altura( índice de massa corporal ou IMC) é de 30,219. Este valor o classificaria como obeso, pois homens devem ter IMC até 25, sendo “gordinhos”quando estão entre 25 e 30, e obesos acima de 30. Contudo a maior parte do peso de Tyson é composto entre massa muscular e conformidade óssea.Assim, obesidade que se define por: excesso de peso às custas de gordura, não existe.IMC de 25 é o limite deste índice para o sexo feminino.A maioria da população, que não é atleta , o IMC é um termômetro adequado da obesidade. Para calcular IMC, divida o peso pela altura ao quadrado. Por exemplo: Em caso de mulher e pesar 60 kg, tendo 1,55 m de altura, o seu IMC será de 24,974. IMC no valor de até 25 é considerado normal.
3) Todo o tipo de obesidade leva ao mesmo risco para a saúde.
Mito. Além do grau da obesidade (quanto mais gordo o indivíduo maior o seu risco), a distribuição da gordura no corpo também é fator de risco. Assim, quando a pessoa tem acúmulo de gordura no tórax e principalmente na barriga (obesidade central) a possibilidade de ocorrer diabetes, pressão alta, colesterol elevado, problemas cardíacos, é muito maior do que se tivesse excesso de gordura nos membros e nádegas ( obesidade periférica). A obesidade central também é chamada de andróide, porque ocorre mais no sexo masculino, e a periférica de ginecóide, por ser mais comum em mulheres.
4) As dietas que melhor funcionam são as que evitam certa mistura de alimentos ou as que utilizam apenas um tipo por dia.
Mito. Todas as dietas funcionam quanto à perda de peso, desde que a pessoa esteja motivada. A dieta ideal deve ser equilibrada, conter todos os nutrientes que o organismo necessita, e educar o paciente para mantê-la a longo prazo. É importante que a pessoa se familiarize com o valor calórico dos alimentos. Cada indivíduo precisa obter seu ponto de equilíbrio com relação à alimentação. Por isso é fundamental a ajuda de uma Nutricionista.
5) Exercícios físicos são importantes em um programa de emagrecimento.
Verdade. Os exercícios físicos auxiliam o emagrecimento por 2 motivos: aumentam o gasto calórico e tendem a relaxar o indivíduo,diminuindo a ansiedade e a compulsão alimentar. A prática diária de exercícios deve ser acompanhada de revisão médica detalhada para evitar excessos e prevenir doenças. Lembramos ainda que, ao exercitar-se regularmente, você aumentará a sua massa muscular à medida em que perde gordura. Desta forma não estranhe se seu IMC não se reduzir proporcionalmente à melhora da sua silhueta.
6) Os moderadores de apetite tem o seu lugar no tratamento da obesidade.
Verdade. Embora a dupla dieta/exercícios seja a mola mestra na perda de tecido gorduroso, por vezes é importante a utilização racional de moderadores de apetite. Eles podem ser classificados em 2 grupos:
a) Inibidores do apetite:Proibidos atualmente pela Vigilância Sanitária, são drogas que apresentam efeitos atenuados da anfetamina: diminuem realmente a fome, mas seu efeito tende a diminuir em cerca de 1 a 2 meses de tratamento. Por outro lado, poderiam levar a sintomas como boca seca, nervosismo, insônia, palpitação, redução do apetite sexual e ainda levar à dependência. Deveriam, portanto, serem utilizadas com critério, sendo contra-indicados em pessoas cardíacas, hipertensas, ou com problemas psiquiátricos. O uso em crianças e idosos deve ser excepcional.
b) Promotores de saciedade: São medicamentos que aumentam o nível de uma substância presente no organismo, chamada serotonina. A serotonina tem a propriedade de avisar à pessoa que ela já comeu o suficiente, ou seja, que ela está saciada. No entanto, não se sabe se por causa ou efeito, algumas pessoas produzem menos serotonina em resposta à alimentação, e são mais dificilmente saciáveis. É o clássico exemplo da mulher que, mesmo após o jantar, “acaba” com uma caixa de chocolate: é a comedora compulsiva. Estas drogas que, ao contrário dos medicamentos citados acima, não levam ao nervosismo (pelo contrário, podem até dar sono acentuado), e reduzem a pressão arterial. Adicionalmente, podem ser utilizadas por períodos maiores, sem perder o efeito. No entanto, também levam à secura bucal, podem reduzir a libido, e, muito raramente, levar a um problema clínico sério, a hipertensão pulmonar.
A decisão do uso de drogas moderadoras do apetite (anorexígenos), bem como a escolha do medicamento ideal para cada paciente, deve caber ao especialista em endocrinologia/metabologia.
8) Grande parte dos casos de obesidade são devidos à distúrbios das glândulas endócrinas.
Mito. As causas hormonais respondem por menos de 5% das obesidades. A tireóide é a glândula mais freqüentemente acusada de causar obesidade. De fato, pessoas que têm hipotireoidismo (redução do funcionamento da tiróide) apresentam metabolismo mais lento. Por outro lado, têm menos apetite. Desta forma, dificilmente um paciente com hipotireoidismo será um verdadeiro obeso. Em geral, a maior parte de seu excesso de peso acontece pelo acúmulo de líquidos que ocorre nesta doença. No entanto, algumas pessoas se utilizam de hormônios da tiróide sem necessidade, na premissa de que irão emagrecer. Assim, os hormônios tireoidianos devem ser administrados por especialistas, apenas em pessoas nas quais a tiróide realmente funciona mal.
9) Diuréticos, laxativos, e injeções de “enzimas” têm papel importante no tratamento da obesidade.
Mito. Diuréticos fazem perder água. Se considera que cerca de 60% de nosso organismo é constituído por este líquido, passa a informação que a perda de água reduz o peso, mas não emagrece. Os diuréticos provocam também a perda de minerais como o potássio, o que pode deixar o organismo gravemente sem esses nutrientes. Desta forma, o uso de diuréticos deve ser reservado a pessoas com edemas (retenção de líquidos), pressão alta ou insuficiência cardíaca. Os laxantes por sua vez também levam à perda de minerais, além de provocarem irritação intestinal. É importante procurar sempre o seu médico para ministrar qualquer medicamento. A ingestão sem critérios científicos pode levar a dependência e a severas conseqüências para o organismo.
10- Uma ingestão extra de 200 calorias por dia (aprox. 2 e ½ bolachas recheadas) pode levar a um aumento de peso de cerca de 200g em uma semana;
Verdade. Porém a queima do organismo pode, de acordo com a genética e a idade, elevar o consumo para manter um equilíbrio do corpo. Com o passar dos anos essa tendência diminui e o aumento de peso pode ser uma constancia.
11- Uma criança que descende de uma pessoa obesa tem aproximadamente 40% de chances de ser obesa, já numa criança que descenda de duas pessoas obesas o risco é de 80%
Verdade. Fatores genéticos estão diretamente relacionados a obesidade. Verifique seus valores referenciais de acordo com a estrutura óssea, genética e atitudes com relação à comida, lembrando sempre que a dieta saudável e exercícios físicos são as formas mais coerentes e eficazes de perder peso com saúde.
12- Vitaminas e corticóides engordam
Mito. Quando prescritos adequadamente por um médico eles não engordam. As vezes a associação de remédios, dieta e repouso podem aumentar a massa corporal, mas não significativamente. Por outro lado, a quantidade de tecido adiposo (gordura) ainda pode sim ser influenciada por variações hormonais. A deficiência do hormônio do crescimento, o excesso de insulina, o excesso de cortisol, os estrógenos e a deficiência de tiroxina estão relacionados com um aumento na gordura corporal.